Cuiabano assume Academia Militar das Agulhas Negras

Arquivo Pessoal

General Arruda tomará posse da principal escola militar

O primeiro contato com o Exército aos 13 de idade e o sonho do pai em ter um de seus cinco filhos homens ingressando na carreira militar foram determinantes na vida de Júlio de Arruda. Recém-promovido ao cargo de general de Brigada, é sob o comando desse mato-grossense que ficará, a partir do dia 29 deste mês, a Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende (RJ), a principal escola de formação de oficiais do país. 

Se até o posto de coronel as promoções no Exército ocorrem por tempo e merecimento, para ser general a seleção fica a cargo do alto comando da instituição. O general revela receber como uma honra e grandiosa missão o comando da AMAN, meta de muitos dos que ingressam no serviço militar no Brasil. “A nossa academia é um berço de formação do que há de mais nobre no Exército: o talento humano. Para mim será um grande desafio, pois a instituição está vivendo uma transformação e a formação do oficial é um dos pilares desse processo”, afirmou. 

Arruda nasceu em Cuiabá em 1959, mas passou boa parte da infância em Santo Antônio de Leveger, onde viviam seus pais e os irmãos. Mudou-se para a Capital aos 11 anos de idade para poder estudar o ensino médio. Aos 13 anos e já aluno da Escola Técnica, o general teve contato pela primeira vez com o Exército. “Os estudantes foram convidados pelo 9º BEC [Batalhão de Engenharia de Construção] para plantar árvores frutíferas ao longo da BR-163, que estava sendo implantada”, relembra. “Essa atividade foi impactante para mim e determinante para o meu futuro, pois creio que foi ali o despertar da minha vocação”, acrescenta. 

O ingresso na carreira militar viria dois anos depois. Um dos irmãos, Juarez Arruda, entrou no Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva do 44º Batalhão de Infantaria Motorizada. Ouvir as conversas de Juarez sobre as atividades no Exército consolidaram a vontade de Júlio a ingressar na carreira. O pai, José Libânio de Arruda, um entusiasta do serviço militar, também contribuiu para a escolha. “Ele tentou ser convocado, mas o município onde ele residia não fornecia conscritos para os quartéis. Meu pai me deu todo apoio que lhe foi possível e sempre me incentivou a prosseguir na carreira”, conta. Em 1974, Júlio fez o concurso para a Escola Preparatória de Cadetes do Exército - sendo o único aprovado em Cuiabá – e de onde saiu direto para a AMAN. 

Entre as funções exercidas desde que ingressou no Exército está a de assessor militar do gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (no mandato de Fernando Henrique Cardoso) e assessor da Cooperação Militar Brasileira no Paraguai. Também foi instrutor do Curso de Comandos e de Forças Especiais, Curso de Engenharia da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais e da Escola de Comando e Estado-maior do Exército, entre outros. 

O general é definido por seus familiares como um homem inteligente, carismático, de pouca fala e muito ligado à família. “O Júlio sempre foi muito humilde e reservado. Acredito que ele esperava chegar a esse posto, mas jamais iria se vangloriar por isso”, diz Deuzalina Maria de Arruda Assumpção. 

E o militar parece ser mesmo muito ligado à família. Quando a reportagem pede para citar um fato marcante na vida, ele diz que foi o casamento com a mulher, Regina do Amaral Arruda. Juntos, tiveram duas filhas, Nathalia e Talita. “Minha família foi a maior incentivadora na realização de todos os cursos e missões ao longo da carreira”, diz. O tempo de duração do comando da AMAN é de dois anos. A instituição foi criada com origem na Academia Real Militar, em 23 de abril de 1811. 

Diário de Cuiabá