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Dilma ganha medalha de Grã-Mestra da Defesa, e elogia “correção de caminho” dos militares

Por Jorge Serrão
Agora só falta receber a medalha da Ordem do Mérito Melancia – em fase de confecção. Ontem, em cerimônia reservada, de uma só tacada, a chefona-em-comando das Forças Armadas faturou quatro medalhas. Uma delas inédita. A ex-guerrilheira e agora Presidenta Dilma Rousseff foi a primeira mulher a receber a insígnia de Grã-Mestra da Ordem do Mérito da Defesa. Também ganhou a Ordem do Mérito Militar, concedida pelo Exército Brasileiro; a Ordem do Mérito Naval, da Marinha; e a Ordem do Mérito Aeronáutico, da Força Aérea Brasileira.

É assim que a cúpula dos militares bajula quem promoveu este ano um corte orçamentário de R$ 4,38 bilhões para a Defesa. Em retribuição pela homenagem, Dilma aproveitou a solenidade de promoção de oficiais Generais do Exército, da Marinha e da Aeronáutica para babar a farda: “É com orgulho que constato a evolução democrática da sociedade brasileira. Um país que conta como o Brasil com Forças Armadas caracterizadas pelo estrito apego às suas obrigações constitucionais é um país que corrigiu seus próprios caminhos e alcançou um elevado nível de maturidade institucional. Nossas Forças Armadas compartilham dos valores da justiça, da paz e da igualdade de oportunidades”.

O teatrinho do General João Minhoca foi perfeito. Dilma não repetiu a tradicional acusação de violações dos direitos humanos durante a dita-dura militar. Nem falou da criação da Comissão da Verdade – considerada por ela uma prioridade igual ao Trem-Bala – para apurar os tais crimes da “repressão”. A presidenta estava tão boazinha que, quando um repórter e lhe perguntou sobre a abertura de arquivos do governo dos militares, se limitou a responder com ironia: “Parabéns para você”.

A agora Grã-Mestra (mais um neologismo) Dilma agradeceu a homenagem e elogiou o trabalho do ministro da Defesa, Nelson Jobim, dos comandantes do Exército, Enzo Peri, da Marinha, Moura Neto, e da Aeronáutica, Juniti Saito, além do chefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas, José Carlos de Nardi. Ninguém falou de censura à comemoração de 31 de março de 1964. Muito menos na adoção da "Licença-fome" - um dia por semana sem expediente para reduzir os gastos com alimentação da tropa – por causa dos cortes no orçamento. O clima era só de festa, alegria e babação de farda.

Corrigindo o caminho?

O evento político-militar de ontem indica que não há sinal de estopim, no ministério do Jobim...

Ou seja, no que depender de Dilma, continua tudo como dantes no quartel do Abrantes...

A Presidenta fará o papel de conciliadora no discurso, enquanto, na prática, os arquitetos do poder petralha continuarão provocando as Legiões, em nome de suas supostas teses ideológicas.

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