
A major do Exército Ana Luiza Ferrão Mello já acertou o primeiro alvo. Faturou o ouro no Campeonato das Américas 2010 e carimbou o passaporte para a Olimpíada de Londres 2012 na pistola 25 m. Porém, antes de chegar lá, a atleta terá que mirar em dois outros alvos: os Jogos Mundiais Militares, que ocorrerão em julho, no Rio de Janeiro, e as seletivas para o Pan-Americano de Guadalajara.
Para chegar bem, Ana Luiza conta com uma rotina diária de exercícios no Centro de Treinamento de Tiro Esportivo (CNTE), em Deodoro, Zona Oeste do Rio de Janeiro.
A pouca popularidade do esporte e a falta de patrocínio são obstáculos. Ana Luiza conta que o único apoio da iniciativa privada é proveniente de uma fábrica nacional de munições, que fornece as cápsulas das balas utilizadas no treinamento. Apesar de ter sido a primeira modalidade a dar um ouro para o Brasil, com Guilherme Paraense, na Antuérpia 1920, o esporte é pouco difundido no País.
A atleta lembra que, durante o Pan-Americano do Rio (2007) a torcida era formada apenas por familiares dos atletas que competiam. Situação diferente da Alemanha, por exemplo, onde o esporte conta com muitos admiradores.
Ana Luiza se concentra nos pontos bons. Desde 2007, os atiradores deixaram os equipamentos obsoletos da sede do Fluminense, nas Laranjeiras, e passaram a contar com o CNTE.
"Aqui temos toda infraestrutura, nossos equipamentos hoje não deixam nada a desejar aos dos maiores países do mundo", comemora. Como major do Exército, ela pode se dedicar inteiramente aos treinos, assim como a maioria dos atiradores esportivos brasileiros, que pertencem aos quadros das Forças Armadas.
"Temos pessoas da aeronáutica, exército e marinha, que estão convocadas para serem somente atletas, e continuam recebendo salários da carreira militar", conta a major.
Antes de se dedicar ao tiro, Ana Luiza era professora de biologia no Colégio Militar. O esporte entrou em sua vida em 1999, através do ex-marido, que era atirador.
"Como eu o acompanhava nas viagens e já conhecia toda a rotina com os treinos, comecei a me interessar também", afirma. A atleta conta que alimentação saudável e exercícios ajudam, mas que o mais importante é manter a calma durante as competições: "minha alimentação sempre foi muito regrada, eu gosto de comer coisas saudáveis. Em dias de competição procuro me alimentar com alimentos leves".
Além do ouro no Torneio das Américas, que lhe garantiu uma vaga na Olimpíada de 2012, ela também foi campeã do Torneio Ibero-Americano, em fevereiro de 2010. Se acertar a mira também em 2011, a atleta pode ganhar o status de uma boa surpresa para a participação brasileira em Londres.
O Brasil e o tiro esportivo
Se o Brasil mantivesse os feitos da primeira equipe de tiro que enviou para uma Olimpíada (Antuérpia, em 1920), a modalidade seria uma das principais fontes de medalhas para o País. Além do ouro conquistado por Guilherme Paraense, o primeiro nacional, o Brasil ainda levou uma prata e um bronze, totalizando o quadro de medalhas nacional naquela competição.
Mas o tiro brasileiro parou por aí. A melhor colocação foi um quarto lugar na Olimpíada de Los Angeles, em 1984, com Delival Nobre. Entre as mulheres, o maior feito foi de Débora Srour, também nos Jogos de Los Angeles, com um sétimo lugar. A última brasileira a participar de uma Olimpíada foi em 92, em Barcelona, com Tânia Fassoni Giansanti, que ficou com o 38º lugar na Pistola Sport.
Confira as modalidades olímpicas:
Existem 15 modalidades olímpicas de tiro esportivo. Seis femininas e nove masculinas. As modalidades se dividem em três categorias: carabina, pistola e tiro ao prato.
Ana Luiza compete na pistola 25 m (essa é a modalidade que ela vence no Torneio das Américas), que, assim como a carabina, consiste em mirar em um alvo com círculo concêntrico com pontuações diferentes para cada parte.
A modalidade mais diferente é o tiro ao prato, também conhecido como skeet e fossa olímpica. Nela, o atleta deve mirar em um prato arremessado por uma máquina. Os pratos partidos serão contabilizados e no fim ganha quem obtiver mais pontos.
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