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Presos 13 policiais acusados de venderem drogas e armas ao tráfico

Secretaria de Segurança descobre esquema de pagamento de propinas na PM
Athos Moura
Isabel de Araújo
Dezoito pessoas foram presas ontem, entre elas 11 policiais militares e dois civis, acusadas de revender ao tráfico drogas e armas apreendidas em operações em favelas do Rio, Niterói e municípios vizinhos. A Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança também descobriu um esquema de pagamento de propinas dentro da Polícia Militar. Oficiais eram subornados para liberar militares a participaram de operações clandestinas nos períodos de trabalho.
Batizada de “Operação Herdeiros”, a ação resultou de sete meses de investigação. Os agentes deveriam cumprir 19 mandados de prisão. Um traficante, porém, identificado como Jorge Luiz Bernardes Fraga, vulgo Neném ou Russo, está foragido. Ele atua no tráfico de drogas no Morro do Jacarezinho, em Benfica, principal comunidade abastecida pela quadrilha. Entre os policiais presos, quatro eram lotados no 12ª BPM (Niterói).
Os militares envolvidos contavam com informantes para negociar com traficantes e saber os locais onde eram escondidas as armas, drogas e dinheiro. O principal mediador da quadrilha é o ex-soldado do Exército Asdrubal Bacon Dias Marques Junior, o Juninho. A Secretaria de Segurança divulgou um trecho de uma escuta telefônica autorizada pela Justiça em que Juninho explica sua função na quadrilha. Ele utiliza o telefone do traficante Neném:
“Eu não trabalho, eu pego e boto o Neném pra vender. Eu só faço o contato do polícia com o bandido. Fico sempre a metade do lucro, sem eu fazer nada.”
Num outro trecho, traficantes reclamam que a pacificação das favelas acabou com a demanda de fuzis no Rio.
Pagamento de R$50 para subornar oficiais
O setor de inteligência da Secretaria de Segurança interceptou diálogos que mostram um esquema de propina paga a oficiais para liberação de agentes nos períodos de trabalho.
— As propinas para deixar o posto são mais rotineiras do que pensávamos. Os PMs subornavam os oficiais de dia, pagando geralmente “um galo” (R$50), além de uma quantia inferior ao responsável pela reserva de armamento, para poder deixar o posto portando a arma — explicou Fábio Galvão.
Galvão disse ainda que já foi aberta uma nova investigação para prender estes oficiais. O caso está sendo acompanhado pela Corregedoria da PM. O subsecretário não revelou o montante movimentado pela quadrilha, mas frisou que o grupo era “bastante acelerado” e realizava “de duas a três” operações por semana.”
O Globo

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