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Dilma enquadra milicos e General Enzo manda apagar nota dos Clubes Militares

A ordem foi de Dilma

Cristiana Lôbo
Quando chegou da viagem de recesso de carnaval na Bahia, a presidente Dilma Rousseff convocou o ministro da Defesa, Celso Amorim, para manifestar sua irritação com a nota divulgada na semana passada pelos clubes militares na qual oficiais da reserva cobram dela uma reação a declarações das ministras Eleonora Minecucci e Maria do Rosário com críticas ao período do regime militar.
Hoje, por ordem do comandante do Exército, Enzo Peri, a nota foi retirada do site dos Clubes Militares. Dilma disse que como presidente é a comandante em chefe das Forças Armadas e que os militares, mesmo na reserva, devem cumprir o regulamento das Forças que não permite a quebra de hierarquia.

A nota era assinada pelo presidente do Clube Militar, Renato Cesar Tibau Costa; do Clube Naval, Ricardo Cabral e do Clube da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista. Antes da reação da presidente Dilma, a avaliação feita no governo era a de que, tendo sido divulgada na sexta-feira véspera de carnaval, a nota não tinha a pretensão de provocar forte embate com o governo. Mas Dilma não aceitou passar batido no assunto e exigiu uma resposta do Comando do Exército, que exigiu a retirada da nota do ar.
Para assessores, a reação dos militares ocorreu, ainda que discretamente, porque está se aproximando o momento da indicação dos nomes que vão compor a chamada Comissão da Verdade – comissão criada para apurar crimes cometidos durante do período da ditadura militar. É neste ambiente que a presidente vai escolher os integrantes da Comissão.
– A pressão pode ser um tiro pela culatra – disse um assessor.


Adendo meu: 
Sem analisar o conteúdo do tal manifesto, pois sinceramente acho que a repercussão é mínima e que pouca gente toma conhecimento ou se interessa pelo que é dito pelos presidentes dos clubes, aqui cabem duas perguntas:

1 - Quem diz que "lutou" pela "democracia" no passado, inclusive de armas na mão, hoje, principalmente na condição de Presidente da República, não deveria defender de maneira incondicional o direito das pessoas se manifestarem, dentro da lei * ?

2 - Quem foi preparado durante toda sua vida militar para comandar homens, liderando-os nas mais diversas situações (de crise, inclusive) e atingiu o posto máximo da carreira, não deveria ter um pouco mais de coragem moral e fazer valer seus direitos?

"Dispõe sobre a manifestação, por militar inativo, de pensamento e opinião políticos ou filosóficos.
 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
Art 1º Respeitados os limites estabelecidos na lei civil, é facultado ao militar inativo, independentemente das disposições constantes dos Regulamentos Disciplinares das Forças Armadas, opinar livremente sobre assunto político, e externar pensamento e conceito ideológico, filosófico ou relativo à matéria pertinente ao interesse público.
Parágrafo único. A faculdade assegurada neste artigo não se aplica aos assuntos de natureza militar de caráter sigiloso e independe de filiação político-partidária.
Art 2º O disposto nesta lei aplica-se ao militar agregado a que se refere a alínea b do § 1º do art. 150 da Constituição Federal.
Art 3º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art 4º Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 17 de julho de 1986; 165º da Independência e 98º da República.
JOSÉ SARNEY
Henrique Saboia
Leônidas Pires Gonçalves
Octávio Júlio Moreira Lima"

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