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Exército põe blindados nas ruas da Bahia

Ação tenta reduzir clima de insegurança em Salvador, com a greve de PMs; um dos líderes da paralisação foi preso

Grupo da PF chegou ao Estado para prender outros 11 grevistas; policiais baianos pedem anistia administrativa

FÁBIO GUIBU

ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

GRACILIANO ROCHA

DE SALVADOR


Blindados Urutu do Exército começaram ontem a patrulhar as ruas de Salvador, que vive dias de violência e medo com a greve dos policiais militares da Bahia, iniciada terça-feira passada.
Dois dos quatro veículos, trazidos de Recife (PE), circularam ontem por algumas das principais vias da cidade, com a missão de evitar tumultos e a obstrução de ruas, como ocorreu quinta-feira.
Naquele dia, grevistas armados tomaram ônibus e bloquearam a avenida Paralela e o acesso ao CAB (Centro Administrativo da Bahia), onde se concentram as sedes dos poderes estaduais.
Cerca de 3.100 homens da Força Nacional de Segurança e do Exército reforçam a vigilância na cidade. A Polícia Federal também atua no esquema, com seu serviço de inteligência, para tentar evitar ações, como saques.
Com esse trabalho em conjunto, as forças federais esperam reduzir a sensação de insegurança que tomou conta da população com a greve.

ANISTIA

Acampados na Assembleia Legislativa, os grevistas dizem que não recuarão, mas reduziram suas reivindicações, de seis para três.
Eles dizem que aceitam voltar ao trabalho se o governo conceder anistia administrativa, incorporar gratificações aos salários e pedir a revogação das 12 prisões determinadas pela Justiça.
Um grupo de 40 agentes da PF desembarcou ontem em Salvador para cumprir os mandados de prisão e encaminhar os detidos para presídios federais.
Ontem, o policial militar Alvin dos Santos Silva, da Companhia de Policiamento de Proteção Ambiental, foi o primeiro a ser preso, acusado de formação de quadrilha e roubo de patrimônio público -no caso, os veículos da PM retidos pelos grevistas.
"Já reduzimos ao máximo a nossa proposta, agora falta o governo fazer a sua parte", disse o líder do movimento e presidente da Aspra (Associação dos Policiais, Bombeiros e dos seus Familiares do Estado Bahia), Marco Prisco.
Protegido por cerca de 30 homens armados, ele diz estar sendo ameaçado de morte. Para evitar ser encontrado, muda constantemente de sala, dentro da Assembleia.
No final da tarde, o clima era tenso no acampamento, com helicópteros sobrevoando o local e rumores de que eles seriam obrigados a deixar a Assembleia hoje.
O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), disse que não atenderia as reivindicações dos grevistas. "É a primeira vez que alguém faz greve depois de ter um aumento de 6,5% para repor a inflação", afirmou o governador.
Folha de S. Paulo

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