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EUA elogiam Dilma, apesar de críticas da brasileira

Número três da diplomacia releva comentários sobre Guantánamo

Wendy Sherman diz que ninguém pode atacar as credenciais da presidente como defensora dos direitos humanos

FERNANDO RODRIGUES

DE BRASÍLIA


Em tempos de crise econômica e precisando mais de parceiros do que de inimigos, o governo dos EUA assimilou com facilidade as críticas da presidente Dilma Rousseff a respeito da base americana de Guantánamo, em Cuba.
Em entrevista à Folha e ao UOL, a subsecretária para assuntos políticos do Departamento de Estado dos EUA, Wendy Sherman, preferiu elogiar a presidente brasileira quando confrontada com a crítica feita por Dilma na semana passada.
"A história pessoal da presidente Dilma confere a ela uma compreensão profunda quanto aos direitos humanos, e a presidente Dilma, bem como o Brasil, está se tornando, já se tornou, voz internacional cada vez mais forte quanto aos direitos humanos."
"Portanto, creio que ninguém possa criticar as credenciais da presidente Dilma como defensora dos direitos humanos, como alguém que compreende por sua própria experiência de vida como eles são cruciais", declarou Shermam, a número três na diplomacia norte-americana.
A subsecretária esteve no Brasil na semana passada. Veio tratar dos preparativos para a visita que Dilma fará ao presidente dos EUA, Barack Obama, em abril.
Dias antes, Dilma respondera em Cuba a uma pergunta sobre direitos humanos na ilha criticando a existência da base de Guantánamo, onde os EUA mantêm presos 171 supostos terroristas.
A diplomata evitou se indispor com o Brasil a respeito do tema -embora tenha dito que "não é realmente correto" comparar os presos da base naval "com as pessoas que podem estar detidas como prisioneiros políticos em Cuba".
A Folha e o UOL quiseram saber detalhes sobre um episódio obscuro da participação do Brasil como intermediário nas negociações sobre o programa nuclear do Irã.
Em abril de 2010, Obama enviou uma carta ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva com detalhes do que poderia ser um acordo aceitável com os iranianos.
Depois de o Brasil ter negociado com o Irã nos termos propostos, os EUA continuaram a defender sanções ao país, o que azedou as relações entre Lula e Washington.
Sherman não quis dar detalhes sobre o caso. Mas sugeriu que a atuação brasileira nesse contencioso seria bem-vinda: "Creio que qualquer país que tenha um relacionamento com o Irã deveria encorajá-lo a negociar".
Folha de S. Paulo

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